sexta-feira, 1 de abril de 2011

Acesso Digital triplica faturamento aliando metas rígidas e descontração no trabalho

Inspirada no estilo de negócio de companhias americanas como Google e Facebook, empresa exige desempenho excepcional em troca de regalias 

 

Fernando Cymbaluk 

Incentive todos os funcionários a superarem um desafio e faça um churrasco para celebrar a meta alcançada. Esse é o conselho que Diego Torres Martins, fundador e presidente da Acesso Digital, dá para quem quer ver seu negócio crescer rapidamente. A ideia é deixar as pessoas felizes no ambiente em que trabalham para produzirem mais e melhor. E um exemplo dos bons resultados dessa filosofia pode ser conferido no desempenho da empresa fundada por Martins. Em 2010, a companhia triplicou o faturamento, atingindo R$ 7 milhões, e conta com cinco unidades abertas. "Independentemente do incentivo, as pessoas gostam do sentimento de exclusividade, de ver que não teriam isso em outra empresa", diz o empresário.

No caso da Acesso Digital, a promoção de um bom ambiente de trabalho não se dá apenas com um churrasco. É verdade que no início de sua empreitada, uma das medidas de Martins foi pagar 600 chopps para os funcionários depois que uma das metas foi atingida. Hoje, o empresário de 27 anos disponibiliza em sua empresa espaços de lazer e descanso, em salas com pufes, TV a cabo, Dock Station para iPod e vídeo-game. A Acesso Digital paga cursos de inglês e intercâmbio, as mulheres têm manicure e os homens participarão de uma competição de kart. Por terem triplicado o faturamento da marca no ano passado, todos os trabalhadores, desde as duas copeiras até os líderes de equipe, embarcarão na próxima semana para Las Vegas, com todas as despesas custeadas pela Acesso - para cuidar do suporte aos clientes nesse período, ficarão no Brasil os contratados em 2011.

Segundo Martins, as ações colocadas em prática por ele ainda não são muito frequentes no Brasil. Quando abriu a Acesso Digital, em 2007, inspirou-se em empresas americanas de TI, como Google e Facebook, para estruturar seu modelo de negócio. Focada em serviços de digitalização de documentos, a Acesso aluga equipamentos como scanners e armazenadores de dados e dá assistência técnica para as empresas. Dessa forma, possui entre seus clientes desde pequenos escritórios de advocacia até grandes bancos. Para se tornar grande, Martins estabeleceu metas ambiciosas: quer ter a empresa que mais cresce no Brasil e que seja o melhor lugar para trabalhar.

"A base do sucesso da Acesso é a motivação interna”, diz. “Conquistamos isso dando liberdade e autonomia no trabalho”. Os funcionários podem fazer seus próprios horários ou trabalhar de casa. A única condição é a meta mensal, que todo mundo tem que cumprir. Segundo o empresário, os pequenos programas como seções de massagem e salas de descanso já produzem grande impacto na motivação das pessoas. Mas também existem os incentivos individuais, como bônus dados de acordo com o rendimento – a forma mais tradicional de remuneração variável. No bônus trimestral, quem cumpre as metas estabelecidas em cada mês garante 70% de um valor pré-fixado pela empresa. Os outros 30% do prêmio chegam caso toda a empresa atinja sua meta.

"O segredo para uma empresa liberal funcionar é o planejamento de metas individuais e um bom mecanismo de controle e acompanhamento", diz Diego. Ou seja, os mimos e agrados não vêm sem uma contrapartida. A Acesso Digital possui uma equipe voltada para o acompanhamento dos resultados de cada funcionário. Em um mural são divulgadas todas as metas e os nomes de quem conseguiu cumprir. Nas segundas-feiras, às sete horas da manhã, ocorre uma reunião para os que não atingiram suas metas explicarem o que houve de errado. Quem não bater suas metas mensais em três meses consecutivos é demitido. Apesar da pressão, a maioria das pessoas que trabalham na empresa parece entender e aceitar a situação. Apenas 4 foram dispensados em três anos e o índice de rotatividade dos funcionários é de menos de 10%.

Trabalho estilo geração Y

Na empresa de Martins, a média de idade dos 55 funcionários é de 28 anos. Há mais colaboradores na faixa dos 40, mas a maior parte tem menos de 30. A maioria jovem pode ser uma das explicações para o sucesso do estilo de trabalho da Acesso Digital. "Com certeza, o efeito é maior na geração Y do que nas outras gerações", diz o empresário. "A geração X inicialmente se assusta, acha que as pessoas não estão trabalhando, que há muita liberdade. Depois que vêem que funciona, passam a valorizar".
Apesar de funcionar aparentemente melhor com os mais jovens, a flexibilização dos padrões de trabalho acaba deslumbrando alguns, conta Martins. "As vezes é preciso colocar o pé no freio de quem esquece que estamos fazendo algo sério, que existe uma grande concorrência, que é preciso seriedade para encarar o mercado".

Brincadeira com objetivo certo

Martins diz que já enfrentou problemas com funcionários que não renderam bem mesmo com as motivações dadas. No entanto, fala que é possível controlá-los. É preciso ter um objetivo em comum, que é o crescimento da empresa. Como medida do sucesso de seu estilo de negócio ele aponta o tamanho que a Acesso Digital alcançou em três anos de vida. "Nós investimos R$ 700 mil para abrir a empresa. Hoje ela vale em torno de R$ 20 milhões. Conseguimos isso graças a motivação das pessoas que vêm trabalhar aqui".

Martins foi o vencedor do prêmio Empreendedor de Sucesso 2009, oferecido pela Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Atualmente, a empresa conta com 50 funcionários e possui mais de 800 clientes. Para 2011 a meta é dobrar o faturamento, alcançando R$ 14 milhões, e chegar a 10 unidades em todo o Brasil. "A base é ter claro onde se quer chegar e fazer acompanhamento para isso". 
 
Fonte: PEGN

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