segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Franquias de alimentos projetam alta de 18,8%

Os franqueadores brasileiros do ramo de alimentação estão otimistas e projetam faturamento 18,8% maior em 2010. O setor também crescerá com lojas físicas e a expectativa é a de que se intensifique a busca da região Nordeste como "a nova fronteira do franchising".
 
As operações de rua, crescentes nos anos anteriores a 2009, devem perder preferência para as de shopping centers no caso das lojas, enquanto a instalação de quiosques crescerá nos hipermercados e galerias. No geral, o setor vai bem, mas tem desafios pela frente, como os da alta rotatividade da mão de obra e custos com matéria-prima e ponto comercial.
 
Patrícia Cruz/LUZ
A rede Seletti aposta em qualidade, capacidade de abastecimento e preço para conquistar seu espaço no food service.
Os dados compõem pesquisa apresentada no 4º Seminário Setorial de Redes de Alimentação da ABF (Associação Brasileira de Franchising), realizado na última semana em São Paulo. O levantamento, desenvolvido pela ECD Consultoria Especializada em Food Service, analisa informações de 2009, envolvendo 41 redes com 5.308 pontos de venda, entre lojas franqueadas (84%) e próprias, que atingiram faturamento de R$ 11,877 bilhões no ano.
 
A amostra, ressalta o diretor da ECD, Enzo Donna, sinaliza tendências importantes às franquias e também ao restante do mercado, com informações sobre seis nichos de atuação. 
 
O segmento de sanduíches é o de maior participação na receita estudada (69%), seguido por comida variada (20%); docerias (4%); pizza/massa (3%); além de comida asiática e snack/cafeteria (ambos com 2%). Em todos eles, a maioria das lojas se concentra no Sudeste, com pelo menos 57,3% das operações – caso dos sanduíches. Nos demais segmentos (exceto comida variada), o percentual ultrapassa a 70%.
 
Concentração
No conjunto da amostra, a região Sudeste detém 67,5% das lojas, percentual que segundo o estudo cairá gradativamente até chegar a 60,2% em 2012, quando o Nordeste (com atuais 7,8%) deverá possuir 11,6% das lojas do ramo.
 
Donna ressalva que, no entanto, ainda há muito potencial para crescer no Sudeste. "É um desafio para o setor porque o sistema reduziu a concentração de lojas, mas a região é uma oportunidade mercadológica", afirma, referindo-se ao crescimento da procura por alimentação fora do lar. Os desafios também passam, de acordo com ele, pela necessidade de uma "revolução dos formatos", para fazer frente à falta (e preços altos) dos pontos comerciais.
 
Enzo ainda ressalta a necessidade de otimizar o faturamento nas lojas. O estudo mostra que elas recebem 76.134.153 clientes por mês. "É preciso atenção porque a concorrência é grande. Só na padaria entram mensalmente 210 milhões de pessoas para comer", compara.
 
A boa notícia, na comparação da amostra total com a mesma base de redes em 2008, é que o faturamento médio anual por funcionários aumentou 32% em 2009. Apesar dessa melhoria na produtividade da equipe, o setor ainda se debate com a alta rotatividade da mão de obra, de 50,2% no conjunto das lojas pesquisadas, chegando a 85,5% no segmento de sanduíches; 73,2% em docerias; 47,1% em culinária asiática; 40,5% em pizzaria/massa; 28,9% para snack/cafeteria; e 19,7% em comida variada. "O setor terá sérios problemas se não fixar a mão de obra. A qualificação será um diferencial", sugere Donna. 
 
A favor do franchising pesa a prática de promover treinamento inicial para o franqueado. O levantamento mostra que o modelo é adotado em 100% das redes ouvidas. 
 
Patrícia Cruz/LUZ
 
O estudo aponta que qualidade, preço e prazo de entrega, nessa ordem, se mantêm como os mais relevantes na decisão de compra das franquias de alimentação. "O sistema está associado à qualidade, mas temos que dizer ao consumidor. Isso é uma vantagem a ser explorada", analisa o diretor.
 
Condições 
Na rede Seletti Culinária Saudável, a principal preocupação, na hora das compras, é combinar qualidade, capacidade de abastecimento e preço. "Não há um primeiro lugar. Essas três condições têm que estar juntas. O nosso segmento é altamente competitivo e, devido à forma como programamos o cardápio (com itens que entram na combinação de vários pratos), se o fornecedor não entrega, quebra a cadeia", diz o sócio-diretor Luis Felipe Cunha Campos, um experiente executivo do franchising (ex-sócio do Spoleto).
 
A Seletti, com proposta de oferecer alimentação saudável, foi concebida por ele em 2007, cresceu com unidades próprias e há dois anos aderiu ao franchising. A rede oferece refeições e opções de lanches (hambúrguer vegetariano orgânico, por exemplo), propondo-se a "ser saudável, mas com sabor". Na receita do saudável entra também a forma de preparação (utilização do sal marinho em vez do sal refinado; ou do óleo de canola com azeite e erva no lugar do girassol).
 
A rede (oito unidades em operação, cinco em implantação e oito novos contratos de franquia assinados) atua predominantemente em praças de alimentação de shopping centers. "No segundo semestre de 2011, teremos a primeira loja de rua. O modelo está em teste, com projeto-piloto em São Bernardo do Campo", explica o empresário. 
Ele afirma que a tendência é o crescimento se concentrar nos shoppings, mas vê "com bons olhos" a possibilidade de lojas de rua nos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro. O franqueador planeja, ao longo dos próximos dez anos, chegar a 150 unidades, 25% delas sob comando da matriz. Abrir uma delas requer aproximadamente R$ 320 mil. 
 
Quem planeja entrar no ramo também deve observar mais dois aspectos relevantes do estudo da ECD. A pesquisa de 2009 já mostrou a força da internet para divulgação das campanhas promocionais do setor, com ganho de espaço também para a comunicação interna das redes. Outra boa notícia é que 83% das empresas adotam alguma ação associada à responsabilidade socioambiental. "Todas as práticas tiveram crescimento expressivo", diz Donna.
 
Fonte: Diário do Comércio

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