Os franqueadores brasileiros do ramo de alimentação estão otimistas e projetam faturamento 18,8% maior em 2010. O setor também crescerá com lojas físicas e a expectativa é a de que se intensifique a busca da região Nordeste como "a nova fronteira do franchising".
As operações de rua, crescentes nos anos anteriores a 2009, devem perder preferência para as de shopping centers no caso das lojas, enquanto a instalação de quiosques crescerá nos hipermercados e galerias. No geral, o setor vai bem, mas tem desafios pela frente, como os da alta rotatividade da mão de obra e custos com matéria-prima e ponto comercial.
Patrícia Cruz/LUZ

A rede Seletti aposta em qualidade, capacidade de abastecimento e preço para conquistar seu espaço no food service.
A amostra, ressalta o diretor da ECD, Enzo Donna, sinaliza tendências importantes às franquias e também ao restante do mercado, com informações sobre seis nichos de atuação.
O segmento de sanduíches é o de maior participação na receita estudada (69%), seguido por comida variada (20%); docerias (4%); pizza/massa (3%); além de comida asiática e snack/cafeteria (ambos com 2%). Em todos eles, a maioria das lojas se concentra no Sudeste, com pelo menos 57,3% das operações – caso dos sanduíches. Nos demais segmentos (exceto comida variada), o percentual ultrapassa a 70%.
Concentração
No conjunto da amostra, a região Sudeste detém 67,5% das lojas, percentual que segundo o estudo cairá gradativamente até chegar a 60,2% em 2012, quando o Nordeste (com atuais 7,8%) deverá possuir 11,6% das lojas do ramo.
Donna ressalva que, no entanto, ainda há muito potencial para crescer no Sudeste. "É um desafio para o setor porque o sistema reduziu a concentração de lojas, mas a região é uma oportunidade mercadológica", afirma, referindo-se ao crescimento da procura por alimentação fora do lar. Os desafios também passam, de acordo com ele, pela necessidade de uma "revolução dos formatos", para fazer frente à falta (e preços altos) dos pontos comerciais.
Enzo ainda ressalta a necessidade de otimizar o faturamento nas lojas. O estudo mostra que elas recebem 76.134.153 clientes por mês. "É preciso atenção porque a concorrência é grande. Só na padaria entram mensalmente 210 milhões de pessoas para comer", compara.
A boa notícia, na comparação da amostra total com a mesma base de redes em 2008, é que o faturamento médio anual por funcionários aumentou 32% em 2009. Apesar dessa melhoria na produtividade da equipe, o setor ainda se debate com a alta rotatividade da mão de obra, de 50,2% no conjunto das lojas pesquisadas, chegando a 85,5% no segmento de sanduíches; 73,2% em docerias; 47,1% em culinária asiática; 40,5% em pizzaria/massa; 28,9% para snack/cafeteria; e 19,7% em comida variada. "O setor terá sérios problemas se não fixar a mão de obra. A qualificação será um diferencial", sugere Donna.
A favor do franchising pesa a prática de promover treinamento inicial para o franqueado. O levantamento mostra que o modelo é adotado em 100% das redes ouvidas.
Patrícia Cruz/LUZ

O estudo aponta que qualidade, preço e prazo de entrega, nessa ordem, se mantêm como os mais relevantes na decisão de compra das franquias de alimentação. "O sistema está associado à qualidade, mas temos que dizer ao consumidor. Isso é uma vantagem a ser explorada", analisa o diretor.
Condições
Na rede Seletti Culinária Saudável, a principal preocupação, na hora das compras, é combinar qualidade, capacidade de abastecimento e preço. "Não há um primeiro lugar. Essas três condições têm que estar juntas. O nosso segmento é altamente competitivo e, devido à forma como programamos o cardápio (com itens que entram na combinação de vários pratos), se o fornecedor não entrega, quebra a cadeia", diz o sócio-diretor Luis Felipe Cunha Campos, um experiente executivo do franchising (ex-sócio do Spoleto).
A Seletti, com proposta de oferecer alimentação saudável, foi concebida por ele em 2007, cresceu com unidades próprias e há dois anos aderiu ao franchising. A rede oferece refeições e opções de lanches (hambúrguer vegetariano orgânico, por exemplo), propondo-se a "ser saudável, mas com sabor". Na receita do saudável entra também a forma de preparação (utilização do sal marinho em vez do sal refinado; ou do óleo de canola com azeite e erva no lugar do girassol).
A rede (oito unidades em operação, cinco em implantação e oito novos contratos de franquia assinados) atua predominantemente em praças de alimentação de shopping centers. "No segundo semestre de 2011, teremos a primeira loja de rua. O modelo está em teste, com projeto-piloto em São Bernardo do Campo", explica o empresário.
Ele afirma que a tendência é o crescimento se concentrar nos shoppings, mas vê "com bons olhos" a possibilidade de lojas de rua nos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro. O franqueador planeja, ao longo dos próximos dez anos, chegar a 150 unidades, 25% delas sob comando da matriz. Abrir uma delas requer aproximadamente R$ 320 mil.
Quem planeja entrar no ramo também deve observar mais dois aspectos relevantes do estudo da ECD. A pesquisa de 2009 já mostrou a força da internet para divulgação das campanhas promocionais do setor, com ganho de espaço também para a comunicação interna das redes. Outra boa notícia é que 83% das empresas adotam alguma ação associada à responsabilidade socioambiental. "Todas as práticas tiveram crescimento expressivo", diz Donna.
Fonte: Diário do Comércio
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